Operação resgata 12 trabalhadores na Paraíba em condições análogas à escravidão

Uma operação resgatou 12 trabalhadores em condições análogas à escravidão em pedreira e em obras de calçamento nos municípios de Caiçara e Serra Branca, na Paraíba. A ação realizada pelo Grupo Especial de Fiscalização Móvel (GEFM) do Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério Público do Trabalho (MPT), Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF) iniciou no último dia 12 e foi concluída nessa quarta-feira (26). Na Paraíba, seis resgatados estavam trabalhando em uma pedreira de Caiçara e os outros seis em obras de calçamento com paralelepípedos em Serra Branca, no cariri paraibano. Em Pernambuco, oito trabalhadores foram resgatados nos municípios de Pedra e Alagoinha, nas mesmas atividades econômicas. “Os trabalhadores estavam em situação degradante, sem a mínima condição de segurança, saúde e higiene, sem respeitar a própria dignidade do trabalhador. Os alojamentos eram precários. Nas pedreiras, usavam explosivos artesanais, com risco iminente de acidentes graves e mortes. Não havia instalações sanitárias ou banheiros e nem água potável. Na Paraíba, as carnes eram penduradas em sacolas nos barracões para os animais não pegarem. Em Pernambuco, foi possível identificar que a carne estava claramente estragada; ela estava guardada em um balde, sem qualquer refrigeração”, afirmou a procuradora do Trabalho Dalliana Vilar Pereira, que veio à Paraíba participar da operação.
“São condições realmente muito graves que estão entre as violações mais graves no mundo do trabalho. Todas as instituições estão atuando para que esse cenário seja modificado e para que essas atividades econômicas se desenvolvam com respeito à dignidade do trabalhador. É o que a sociedade espera, que haja desenvolvimento com respeito à pessoa humana”, acrescentou a procuradora Dalliana Vilar.
“Nas pedreiras, a situação era de degradância. Todos eles trabalhavam apenas por produtividade e ganhavam um valor baixo. Alguns não ganhavam sequer o salário mínimo por mês. Eles só tinham como apoio um barraco de lona. Não tinham banheiro. Ali, faziam as refeições e o preparo das ferramentas. Não usavam equipamentos de proteção. Eles relataram incidentes com as ferramentas, como voar lascas das pedras nos braços, rosto e martelar os dedos. Isso é bem comum. Identificamos trabalhadores com idade mais avançada e alguns trabalhavam desde muito novos. Os mais velhos não conseguiam mais produzir como antes. Um deles, começou a trabalhar aos 11 anos. A maioria pardos, escolaridade baixa”, relatou a auditora fiscal do Trabalho Gislene Melo dos Santos Stacholski.
Fonte: wscom