ALPB concede Medalha Augusto dos Anjos aо ator Mateus Nachtergaele

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Publicado em 22 de outubro de 2025 às 13:23
A Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) concedeu, nesta quarta-feira (22), a Medalha Augusto dos Anjos aо ator Mateus Nachtergaele. A honraria, proposta pelo deputado Felipe Leitão, é destinada a artistas e produtores culturais cujas ações e trajetórias promovem e enaltecem a cultura dentro e fora do Brasil. A sessão solene aconteceu no plenário da Casa Epitácio Pessoa e contou com a presença da deputada Cida Ramos e dos deputados Dr. Taciano Diniz, Dr. Romualdo, João Gonçalves e Luciano Cartaxo
O deputado Felipe Leitão ressaltou que conceder a Medalha Augusto dos Anjos ao ator Mateus Nachtergaele é uma forma de reconhecer sua notável contribuição no campo da arte e da cultura, através da sua atuação tanto na TV, no teatro, quanto no cinema. “Eu, particularmente, considero o Mateus Nachtergaele o maior ator em atividade hoje no nosso Brasil e no mundo. Inclusive, ele não só recebeu prêmios em nível nacional, mas diversos prêmios internacionais. Mateus tem uma identidade muito grande com o povo paraibano”, destacou o parlamentar.
Felipe Leitão lembrou ainda que o ator foi responsável por levar o nome da Paraíba ao cenário mundial com sua atuação no filme “O Auto da Compadecida”, cuja história, embora se passe na cidade de Taperoá, foi filmada no município de Cabaceiras. A atuação rendeu ao ator o Título de Cidadão Taperoaense. “Matheus fez com que a nossa pequenina Paraíba fosse conhecida internacionalmente, através do personagem João Grilo, no filme ‘Auto da Compadecida’. Então, nada mais justo que a gente lhe conceder essa honraria como reconhecimento e gratidão a tudo que ele tem feito, representando o povo paraibano e o povo nordestino no país afora e no mundo afora”, completou Felipe Leitão.
Emocionado, Nachtergaele agradeceu pela homenagem e destacou que muitas de suas memórias profissionais e pessoais estão ligadas à Paraíba. “Todas essas homenagens e honrarias que eu tenho recebido daqui, eu devo ao João Grilo e, talvez mais profundamente, ao Ariano Suassuna, que eu conheci, que eu amei, que foi meu amigo. Sempre que estive aqui foi por um motivo maravilhoso: apresentando um filme, recebendo um carinho, ou, como hoje, sendo agraciado com essa medalha tão especial”, disse.
A solenidade marcou um momento de reconhecimento à contribuição de Mateus para o cinema, o teatro e a televisão, além da sua capacidade de representar, com autenticidade e sensibilidade, personagens nordestinos. “Hoje é uma data muito especial pra mim. A Medalha Augusto dos Anjos é uma das honrarias mais bonitas que a cultura pode receber aqui na Paraíba. Fico muito grato ao deputado Felipe Leitão e a esta Casa, que representa o povo paraibano. Então, é ao povo da Paraíba que eu agradeço”, declarou.

O ator relembrou os laços que o unem à Paraíba desde o início da carreira. “Quando você é ator no Brasil e recebe um personagem como o João Grilo para incorporar, e agora duas vezes, é como um chamado profundo da arte. A gente acabou de filmar O Auto da Compadecida 2, uma grande homenagem à obra de Ariano, e eu pude reviver esse personagem que me deu tanta alegria”, afirmou.
Paulistano, Nachtergaele afirmou ter encontrado no Nordeste um território de pertencimento artístico. “Eu fui recrutado pelo cinema brasileiro para percorrer o Nordeste, interpretando personagens nordestinos. Eu sou paulistano, de origem belga — portanto, inusitado — mas acho que meu tipo físico me permite ser paraibano, pernambucano, cearense… Eu fui aprendendo o Nordeste por dentro de mim, pelas paisagens e pelos personagens. É como se eu conhecesse o Nordeste por dentro”, disse.
Entre risos e lembranças, ele ainda recordou sua passagem por Cabaceiras, onde o clássico O Auto da Compadecida foi gravado. “Guardo muitas lembranças dali. Até um burrinho eu tive em Cabaceiras! Um rapaz me ofereceu para alugar o animal por um real, e eu aceitei. Era um gesto simbólico, mas que diz muito sobre o espírito daquele lugar: generoso, simples e cheio de humor”.
Mateus também falou sobre o papel da arte como instrumento de reflexão e crítica social. “Eu acredito que qualquer fazer artístico tem algo de político. O Auto da Compadecida, por exemplo, denuncia as injustiças sociais e de classe que o Brasil vive. João Grilo e Chicó são trabalhadores da última esfera possível, sempre à mercê de um patrão, de um coronel, da igreja. A obra é uma crítica sem precisar ser panfletária. É apenas arte — e isso já é político por si só”, avaliou.
Com humildade, o ator ponderou sobre o peso das homenagens. “Muitas vezes eu penso: sou só um ator que teve a sorte de viver o João Grilo, não mereço tanto carinho. Mas eu aceito com gratidão e espero honrar sempre os personagens brasileiros”, declarou.

Ao final, ele resumiu com simplicidade a essência de seu trabalho: “A matéria-prima de um ator é o povo. Se eu não tiver acesso às pessoas, é como se um pintor não tivesse acesso às suas tintas. Eu gosto de perambular entre as pessoas simples, ouvir suas histórias. É ali que mora a verdadeira sabedoria, aquela que a gente não encontra nos livros, mas no olhar do homem do povo”.
A solenidade contou ainda com as presenças do presidente da Funjope, Marcos Alves; do presidente da Academia Paraibana de Letras, Ramalho Leite; do ex-prefeito de Cabaceiras, Thiago Castro, além de fãs, artistas, autores e escritores paraibanos.
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