Milei assina decreto para privatizar estatais, afrouxar direitos trabalhistas e desregulamentar economia
O presidente de extrema direita da Argentina, Javier Milei, anunciou hoje, por meio de uma transmissão nacional, um conjunto de 30 medidas ultraneoliberais que visam desregular a economia, privatizar estatais e flexibilizar direitos trabalhistas. O Decreto de Necesidad y Urgencia (DNU) contendo as medidas será publicado nas próximas horas no Boletín Oficial, informa o portal infobae.
“Este é apenas o primeiro passo. Nos próximos dias, convocaremos sessões extraordinárias no Congresso Nacional e enviaremos um pacote de leis, solicitando ao Congresso a colaboração para avançar neste processo de mudança que a sociedade escolheu em um contexto de crise que exige ação imediata”, declarou o ultradireitista.
Dentre as medidas mais impactantes, destaca-se a derrogação de diversas leis que protegiam os interesses dos cidadãos e regulamentavam setores cruciais da economia. A revogação da Lei de Alquileres, por exemplo, suscita preocupações sobre a vulnerabilidade dos inquilinos diante do mercado imobiliário. O afrouxamento da Lei de Abastecimento também levanta questionamentos sobre a proteção do consumidor e a possível exploração desenfreada.
A decisão de privatizar empresas estatais, incluindo a Aerolíneas Argentinas, e transformá-las em sociedades anônimas representa uma mudança significativa na estrutura econômica do país. Especialistas alertam para os riscos associados à perda de controle sobre setores estratégicos, que podem resultar em prejuízos para a soberania nacional.
Além disso, a reforma do Código Aduanero e a eliminação de diversas regulamentações setoriais levantam dúvidas sobre a capacidade do governo em garantir condições equitativas para os diferentes setores da economia. A prometida “modernização” do regime laboral também suscita preocupações quanto à precarização do trabalho e à diminuição dos direitos dos trabalhadores.
A medida de desregulamentação do setor de saúde, incluindo a eliminação de restrições de preços para a indústria prepaga, e a incorporação das empresas de medicina prepaga ao regime de obras sociais, geram apreensões sobre a acessibilidade e a qualidade dos serviços de saúde para a população. CONFIRA AS 30 MEDIDAS ANUCIADAS POR MILEI:
- Revogação da Lei de Aluguel: para que o mercado imobiliário volte a funcionar sem problemas e alugar não seja uma odisséia.
- Revogação da Lei de Abastecimento para que o Estado nunca mais atente contra o direito de propriedade dos indivíduos.
- Revogação da Lei de Gôndolas para que o Estado pare de se intrometer nas decisões dos comerciantes argentinos.
- Revogação da Lei de Compra Nacional que beneficia apenas determinados atores do poder.
- Revogação do Observatório de Preços do Ministério da Economia para evitar a perseguição às empresas.
- Revogação da Lei de Promoção Industrial.
- Revogação da Lei de Promoção Comercial.
- Revogação da regulamentação que impede a privatização das empresas públicas.
- Revogação do regime de sociedades do Estado.
- Transformação de todas as empresas do Estado em sociedades anônimas para sua posterior privatização.
- Modernização do regime trabalhista para facilitar o processo de geração de emprego genuíno.
- Reforma do Código Aduaneiro para facilitar o comércio internacional.
- Revogação da Lei de Terras para promover os investimentos.
- Modificação da Lei de Manejo do Fogo.
- Revogação das obrigações dos engenhos açucareiros em matéria de produção açucareira.
- Liberação do regime jurídico aplicável ao setor vitivinícola.
- Revogação do sistema nacional do comércio mineiro e do Banco de Informações Mineiras.
- Autorização para a cessão do pacote acionário total ou parcial da Aerolíneas Argentinas.
- Implementação da política de céus abertos.
- Modificação do Código Civil e Comercial para reforçar o princípio da liberdade contratual entre as partes.
- Modificação do Código Civil e Comercial para garantir que as obrigações contraídas em moeda estrangeira devam ser pagas na moeda acordada.
- Modificação do marco regulatório da medicina privada e das obras sociais.
- Eliminação das restrições de preços para a indústria de medicina privada.
- Incorporação das empresas de medicina privada ao regime de obras sociais.
- Estabelecimento da receita eletrônica para agilizar o serviço e minimizar os custos.
- Modificações no regime de empresas farmacêuticas para fomentar a competição e reduzir os custos.
- Modificação da Lei de Sociedades para que os clubes de futebol possam se tornar sociedades anônimas se assim desejarem.
- Desregulamentação dos serviços de internet via satélite.
- Desregulamentação do setor turístico eliminando o monopólio das agências de turismo.
- Incorporação de ferramentas digitais para trâmites nos registros automotivos.
A população argentina reagiu com um longo “panelaço” durante o discurso do líder de extrema direita.
Fonte: wscom