Ipec: 41% dos que votaram em Bolsonaro já têm visão positiva ou neutra em relação a Lula
Uma pesquisa conduzida pelo Ipec para o jornal Globo revelou que 41% dos eleitores que votaram em Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2022 possuem uma visão positiva, neutra ou regular do governo do presidente Lula. O estudo aponta que 8% desses eleitores classificam o governo atual como ótimo ou bom, enquanto 33% o veem como regular. Por outro lado, 56% desses eleitores avaliam a gestão de Lula como ruim ou péssima.
Embora a maioria dos eleitores de Bolsonaro tenha uma percepção negativa da atual gestão, é interessante notar que uma parcela significativa desse grupo não compartilha dessa visão negativa. Em comparação, entre os eleitores que escolheram Lula, 68% consideram seu governo ótimo ou bom, 27% o veem como regular, e apenas 3% o avaliam como ruim ou péssimo.
A pesquisa também constatou que 19% dos eleitores que votaram em branco ou anularam o voto no segundo turno aprovam a maneira como Lula governa, enquanto 16% afirmam confiar no atual presidente. No entanto, a maioria desse grupo desaprova a forma de governar de Lula (47%) e não deposita confiança nele (64%).
É relevante destacar que o apoio a Lula entre os eleitores de Bolsonaro e entre os que votaram em branco ou nulo pode ser atribuído, em parte, ao impacto das políticas públicas. O cientista político Josué Medeiros, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e coordenador do Observatório Político e Eleitoral (OPEL), sugere que a influência do Estado, especialmente nas camadas socioeconômicas mais baixas, desempenha um papel na formação dessa percepção.
Medeiros argumenta que Bolsonaro aumentou sua votação por estar no poder e ter implementado uma injeção de cerca de R$ 300 bilhões na economia no último ano. Agora, com as políticas públicas implementadas por Lula e os resultados econômicos positivos, uma parte desses eleitores está sendo reconquistada.
Uma das medidas adotadas pelo governo Lula foi a reintrodução do Bolsa Família, que substituiu o programa Auxílio Brasil implementado por Bolsonaro antes das eleições. O programa manteve um valor mínimo de R$ 600 e introduziu benefícios adicionais, como um adicional de R$ 150 por criança de até seis anos. Quase 9 milhões de crianças foram beneficiadas, e tanto o valor médio do benefício (R$ 672,45) quanto o investimento no programa são os maiores da história.
Além disso, a percepção em relação ao governo pode ser influenciada pela redução dos preços da gasolina e pela desaceleração da inflação no país. A Petrobras reduziu os preços da gasolina e do diesel nas refinarias, o que impactou a inflação em maio. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) encerrou o mês em 0,23%.
Fonte: wscom